A FINALIDADE DO PRECEDENTE JUDICIAL E A SUA RECONDUÇÃO AOS PARÂMETROS DEMOCRÁTICOS

Autores

Palavras-chave:

Democracia, Neoconstitucionalismo, Precedente Judicial

Resumo

A concepção de jurisprudência, dos precedentes e dos pronunciamentos judiciais permaneceu adstrita, na sistemática brasileira, a manobras no âmbito doutrinário formal do Código de Processo Civil. E, em verdade, o debate passou à sua fase última sem que se exaurisse a discussão em suas fases iniciais. Afinal, a engenharia do precedente passa pela Filosofia e a Teoria do Direito, Direito Constitucional e, por fim, pelo Direito Processual Civil. A priori, sobressai da trajetória percorrida pela teorização simbiótica entre o Common Law e o Civil Law, uma deficiência consistente em sua detenção ao formalismo, quando considerações quanto à filosofia da linguagem (Heidegger; Gadamer), à emancipação (permeada pela tomada da consciência na Escola de Frankfurt – Habermas) e ao constitucionalismo (Dworkin) eram necessárias, mormente condicionais para a concepção de um sistema de precedentes democrático. Não mais persiste, como ignição do estudo analítico indutivo ora conduzido, o questionamento quanto à natureza dos elementos deste modelo de sistema de precedentes brasileiro (agora positivado, formalmente, no Código de Processo Civil). Passa-se, noutro giro, a questionamento posterior, à luz de novel Teoria Constitucional Democrática (sintonizada com a elevação da vida humana com dignidade como condição de possibilidade para o Direito): qual é (deve ser) a finalidade da jurisprudência nas Cortes Superiores?

Biografia do Autor

Bernardo Luiz Migdalski, UNICURITIBA

Acadêmico de Direito na Faculdade de Direito de Curitiba.

Daniel Laufer, Dr., PUC-PR

Doutor em Direito pela PUC/SP membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCRIM e da Associação Internacional de Direito Penal - AIDP.

Maria Francisca Accioly, Me., Faculdade de Direito de Curitiba

Mestre em Direito pela UFPR, membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais IBCCRIM e autora do livro "Medidas Cautelares Patrimonais na Lei de Lavagem de Direito", Ed. Lumen Juris.

Referências

ALEXY, Robert. Colisão de direitos fundamentais e realização de direitos fundamentais no Estado de Direito Democrático. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 217.
ALVIM, Teresa Arruda; DANTAS, Bruno. Recurso especial, recurso extraordinário e a nova função dos tribunais superiores: Precedentes no direito brasileiro. 5ª ed., rev., atual. e ampl., São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018.
ARAÚJO, Fernando. Teoria Econômica do Contrato. Coimbra: Almedina, 2007.
ARENDT, Hannah. A condição humana. – 10.ed. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
ARISTÓTELES. The Nicomachean Ethics of Aristotle. Traduzido por F.H. Peters. – 5.ed. – Londres: Kegan Paul, Trench, Trübner & Co, 1893.
BECKER, David G.; J. Frieden; SCHATZ, Sayre P.; SKLAR, Richard L. Post-Imperialism: International Capitalism and Development in the Late Twentieth Century. Londres: Lynne Rienner Pub, 1987. in Becker et al, p. 1-18.
BORJA, P. Sánchez-Prieto; MORENO, Rocío Díaz; BELSO, Elena Trujillo. Siete Partidas. Edición de textos alfonsíes en REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: Banco de datos (CORDE) [en línea], corpus diacrónico del español, 2006. Disponível em: http://www.rae.es.
BRASIL. SENADO FEDERAL. Anteprojeto do novo código de processo civil – comissão de juristas responsável pela elaboração do anteprojeto do novo código de processo civil. Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas, 2010.
______________. Supremo Tribunal Federal. Extradição 1362. Relator Ministro Edson Fachin. Relator p/ Acórdão: Min. Teori Zavascki, Tribunal Pleno. Julgado em 09/11/2016. Divulgado em 04/09/2017. Publicado em 05/09/2017.
______________. Supremo Tribunal Federal. ADI: 2675 PE. Relator Min. Ricardo Lewandowski. Julgado em 19/10/2016, Tribunal Pleno.
______________. Supremo Tribunal Federal. AI-AgR: 519125 SE. Relator Ministro Joaquim Barbosa. Julgado em 12/04/2005, Segunda Turma. Publicado no DJ em 05/08/2005, RB v. 17, n. 505, 2005. p. 45.
______________. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no REsp: 1928972 SP (2021/0085788-8). Relator Ministro Joel Ilan Paciornik. Julgado em 11/05/2021, T5 - QUINTA TURMA. Publicado no DJe em 14/05/2021.
______________. Superior Tribunal de Justiça. EREsp: 435835 SC (2003/0037960-2). Relator Ministro Francisco Peçanha Martins. Julgado em 24/03/2004, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO. Publicado no DJ em 04/06/2007.
______________. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1814919 DF. Relator Ministro Og Fernandes. Julgado em 24/06/2020, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO. Publicado no DJe em 04/08/2020.
______________. Superior Tribunal de Justiça. RHC: 114683 RJ, Relator Ministro Rogerio Schietti Cruz. Julgado em 13/04/2021, T6 - SEXTA TURMA. Publicado no DJe em 27/04/2021.
______________. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1631846 DF. Relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino. Julgado em 05/11/2019, T3 - TERCEIRA TURMA. Publicado no DJe em 22/11/2019.
______________. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Apelação 10149978/PR (Acórdão). Relator Desembargador Luiz Osorio Moraes Panza. Julgado em 28/07/2015. Publicado no DJ 1639 em 31/08/2015.
BRUNO, Aníbal. Direito Penal. Parte Geral, tomo I. Rio de Janeiro: Editora Nacional de Direito LTDA, 1956. p. 79.
CASTRO LIMA, Regina Lucia Chuquer de A. C.; Hermenêutica Constitucional. Série Aperfeiçoamento de Magistrados – Curso de Constitucional – Normatividade Jurídica. p. 259.
COOTER, Robert. ULEN, Thomas. Law & economics. Boston: Berkeley Law Books, 2016.
CROSS, Hupert; HARRIS, J. W. Precedent in English Law. 4. ed. Oxford: Oxford University Press, 1991.
DE SOUSA SANTOS, Boaventura. Construindo as Epistemologias do Sul: Antologia Esencial. Volume I: Para um pensamento alternativo de alternativas / Boaventura de Sousa Santos; compilado por Maria Paula Meneses... [et al.]. - 1a ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2018.
______________. Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais [online], 78 | 2007, publicado a 01 outubro 2012. Acesso em 20 setembro 2021. Disponível em: http://journals.openedition.org/rccs/753.
DHAMI, Mandeep K. On measuring quantitative interpretations of reasonable doubt. Washington: Journal of Experimental Psychology, 2008.
DWORKIN, Ronald. Law’s Empire. Cambridge, Massachusetts: Belknap Press, 1986.
______________. Justiça para ouriços. Tradução de Pedro Elói Duarte. Coimbra, Almedina, 2012.
______________. Taking rights seriously. Cambridge [Mass], Harvard University Press, 1977.
FUX, Luiz; BODART, Bruno. Notas sobre o princípio da motivação e a uniformização da jurisprudência no novo Código de Processo Civil à luz da análise econômica do Direito. Revista de Processo, v. 269, jun. 2017.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método. Tradução de Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1997.
GRAMSCI, Antonio. Selections from the prison notebooks. Nova Iorque: Quintin Hoare and Geoffrey Nowell Smith, 1971.
HABERMAS, J. Para o uso pragmático, ético e moral da razão prática. Estudos Avançados, [S. l.], v. 3, n. 7, p. 4-19, 1989. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8528. Acesso em: 16 set. 2021.
HEIDEGGER, Martin. Conferências e escritos filosóficos. Tradução e notas de Ernildo Stein. São Paulo: Abril Cultural, 1979 [Os pensadores].
HESSE, Konrad. Temas fundamentais do direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2009.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. Antônio Pinto de Carvalho. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006.
KELSEN, Hans. ¿Qué es la justicia? Córdoba: Universidad de Córdoba, 1956.
LASSALLE, Ferdinand. Über Verfassungswesen. Ein Vortrag, gehalten 1862 in einem Berliner Bürger-Bezirksverein. Disponível em: https://www.marxists.org/deutsch/referenz/lassalle/1862/xx/verfassu ngswesen.htm.
MITIDIERO, Daniel. Precedentes: da persuasão à vinculação. São Paulo: Revista do Tribunais, 2018.
MÜLLER, Friedrich. Direito, linguagem e violência: elementos de uma teoria constitucional. Tradução Peter Naumann. Porto Alegre: Fabris, 1995. p. 40.
NECKEL, Sighard. The refeudalization of modern capitalism. Journal of Sociology 56, no. 3. Set, 2020. p. 472-486.
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.
SPENGLER, Oswald. La decadencia de Ocidente. Trad. III. Madrid: Espasa Calpe, 1926.
STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica Jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da construção do Direito. 11. ed. rev., atual. e ampl. 4. tir. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2021.
______________. Jurisdição Constitucional e hermenêutica: uma nova crítica do direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002.
TARUFFO, Michele. Precedente e giurisprudenza. Rivista Trimestrale di Diritto e Procedura Civile. Milano: Giuffré, 2007.
WEIDHORN, Manfred. The Great Paradigm Shift. Journal of Thought, vol. 36, no. 3, Caddo Gap Press, 2001, p. 7–19, http://www.jstor.org/stable/42589665.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. C. K. Ogden. Londres: Kegan Paul, Trench, Trubner & Co., Ltd., 1922.

Publicado

2024-04-27

Como Citar

Migdalski, B. L., Laufer, D., & Accioly, M. F. (2024). A FINALIDADE DO PRECEDENTE JUDICIAL E A SUA RECONDUÇÃO AOS PARÂMETROS DEMOCRÁTICOS. Revista De Direito Da FAE, 7(1), 5–30. Recuperado de https://revistadedireito.fae.emnuvens.com.br/direito/article/view/99